terça-feira, 27 de julho de 2010

A Improvisação e Eu

Alguns dias atrás a Cássia, do Dos Passos da Bailarina, postou em seu blog sobre um exercício que ela propôs para si mesma, de pensar quais músicas gostaria de coreografar, com qual figurino e até penteado. Eu pensei bastante no assunto porque nunca me considerei uma pessoa criativa, mas sempre tive vontade de coreografar algumas músicas que eu amo.

Foi assim que eu tive a idéia de juntar algumas sequências das minhas aulas de improvisação. Nessas aulas nós buscamos representar com o corpo uma proposta colocada pela professora, e das coisas mais malucas como representar um óculos, um sapato, a letra do seu nome, ou até mesmo direções e níveis, resultam sequências coreográficas que você nunca imaginaria a origem.

O mais legal de tudo isso é descobrir as possibilidades de movimento, reunir a técnica que você aprende na outras aulas com as descobertas que você faz com o seu corpo. Como eu disse antes, nunca me achei uma pessoa criativa e tive uma dificuldade imensa nas minhas primeiras aulas de improvisação, porque o objetivo é sair do comum para o desconhecido, e eu sempre caia no clichê dos movimentos. Com o tempo eu fui melhorando, e preciso melhorar muito ainda. 

Mesmo assim, eu criei coragem e reuni algumas das minhas sequências favoritas das minhas aulas de improvisação e gravei, depois pra dar um efeito mais bacana coloquei a música na hora de editar o vídeo. O resultado foi uma sequência de 30 segundos. Veja como isso é difícil pra mim, um semestre inteiro e o melhor que sai são 30 segundos de coreografia.

Enfim, eis o resultado.



Algumas, já podem ter visto esse vídeo porque eu postei no fórum de ballet.

Porém, esse vídeo não foi o bastante pra mim, eu senti a necessidade de ir além e testar coisas novas. E foi na tentativa e erro que fiz mais um vídeo. Dessa vez a coreografia está maior, o vídeo todo dura 5 minutos e meio aproximadamente, eu repeti a sequência, com algumas variações, 3 vezes.





Eu fiquei feliz com o meu trabalho, mas sou realista e sei que eu tenho muito chão pela frente. E digo mais, tanto criar uma coreografia quanto dançar é extremamente difícil,  é um trabalho duro, pesado e extremamente cansativo tanto para o corpo quanto para a mente. Ainda assim, toda vez que assisto ao vídeo vejo algo a ser melhorado, ou simplesmente a falta de controle por um segundo que deixou que o movimento deixasse a desejar, ou ainda qualquer outro detalhe que simplesmente que me faz torcer o nariz.

De qualquer forma eu fiquei bem orgulhosa de mim por me desafiar, pois geralmente caio na minha auto-piedade e não faço absolutamente nada. Então, mesmo que não resulte uma grande coisa para mim fez uma grande diferença.

Se alguma das leitoras ficou interessada em tentar dou o maior apoio, e não precisa ter aula de improvisação não, basta ter coragem para criar.

Beijo a todas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ballet Clássico x Dança Moderna

Estava eu conversando com a Tays, pelo msn, quando mencionei que gostaria de fazer um post sobre algumas diferenças entre o ballet clássico e a dança moderna. Acabou que eu me empolguei com o assunto que a conversa se transformou num monólogo, então resolvi aproveitar essa empolgação toda pra escrever o post.

Todas nós conhecemos o ballet clássico e sua beleza, por isso vou me ater mais aos detalhes da dança moderna. 

A dança moderna veio para quebrar os padrões do clássico, o momento histórico exigiu isso sem deixar que o ballet fosse esquecido. Como eu já disse aqui antes a dança acompanha a evolução da sociedade. A idéia principal foi fazer um dança livre, fora dos padrões tanto nos temas como nos movimentos. 

Os contos de fadas e o sobrenatural foram deixados de lado para dar lugar a vida cotidiana, e os questionamentos da sociedade da época. Os movimentos também foram questionados. Então começa a romper os padrões e a dançar com as pernas paralelas. A principal preocupação, além de fazer uma dança livre, era dos movimentos serem mais naturais possíveis, ou seja, mais anatômicos.

E é dessa preocupação com a anatomia humana que a dança moderna aboliu as sapatillhas, porque cá entre nós, por mais que as sapatilhas de ponta sejam lindas elas não são nada anatômicas. 

Ah sim, o nosso en dedans é o paralelo para a dança moderna, e o en dedans é literalmente para dentro.


Mais uma diferença é que o ballet clássico dá ênfase nos membros, principalmente nas pernas, sem usar o tronco. Enquanto a dança moderna usa o tronco tanto quanto os membros. Também há a questão da simetria, o clássico preza sempre pela simetria, já na dança moderna não é tão importante, pode ser usada ou não depende da proposta em que você está trabalhando.

Na dança moderna não existe certo ou errado, um determinado movimento pode, ou não, estar de acordo com o que foi proposto. Muito diferente do clássico que se a sequência for tombée, pas de bourée, pas de chat, vai ser sempre isso em qualquer lugar do mundo. Pois, o ballet está codificado em passos, e não existe passos na dança moderna porque ela explora a possibilidade dos movimentos.

Uma coisa bem curiosa é que na dança moderna não se faz aula com música. Sim, é estranho pensar em dança e não relacionar a música. Acontece que na dança moderna não se usa música pra marcar os movimentos para não se prender ao ritmo, assim usa-se a percussão. No curso em que frequento as aulas são marcadas no bumbo, então dentro de uma mesma sequencia, ou até mesmo um movimento, a professora pode acelerar ou diminuir o ritmo de acordo com a necessidade. 

Falando em música, no ballet clássico ela tem um papel fundamental, pois ela marca ritmo e às vezes dá até a entonação da história. Já na dança moderna ela não tem a mesma importância, é como um pano de fundo. 

Pra quem quiser estudar mais sobre dança moderna procure ler a obra de Rudolf von Laban, "O Domínio do Movimento". 

Espero que tenha ficado claro e que possam compreender as diferenças. 

P.S.: Esse post foi baseado nas minhas anotações das aulas de História da Dança e Teorias do Movimento na Dança, isso é apenas uma noção das diferenças existentes entre esses dois estilos. Se quiser se aprofundar no assunto procure bons livros principalmente de Laban que é um dos maiores teóricos da dança moderna e é usado também na educação física e no teatro.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pas de Deux

Qual a bailarina que nunca sonhou em dançar um pas de deux? Pois é, assim como a sapatilha de ponta é um marco na vida de qualquer bailarina, o pas de deux também é um momento importante. E mesmo que nunca tenha sonhado em dançar um é difícil quem não se encante com esse duo.

Porém, o que é um pas de deux? Com certeza, muitas vão responder que é uma dança de dois, na qual a bailarina e o bailarino irão dançar juntos. Na verdade é um pouco mais que isso, não que a resposta esteja errada, mas é que o verdadeiro propósito do pas de deux é outro, é uma batalha.

Não, ninguém entendeu errado, é mesmo uma batalha. Colocando de uma outra forma é uma competição entre o bailarino e a bailarina pra ver quem tem mais virtuosismo técnico, quem tem mais controle do movimento. Da mesma forma que acontece no hip-hop, quem nunca viu em um filme de dança uma batalha de hip-hop?


(Cena do filme "Step Up 2")

A batalha do pas de deux, funciona de um jeito parecido cada um faz a sua apresentação desafiando o outro a fazer melhor que aquilo. Entretanto, como não podia deixar de ser em se tratando de ballet clássico, tem uma ordem que deve ser seguida e que divide a coreografia em quatro partes.

1ª Adágio
2ª Variação Masculina
3ª Variação Feminina  (geralmente é a parte dos 32 fouettés)
4ª Coda Final (saltos e parte aeróbica)


(Ballet Harlequinade - Pas de Deux)

Achei esse vídeo muito fofo, mas notem como em todo pas de deux sempre tem esses elementos e sempre na mesma ordem.

P.S.: As informações acima são das minhas anotações da aula de teoria do movimento na dança.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Top 5

Um post diferente hoje. Aqui vai as cinco variações que eu amo e com certeza eu quero dançar um dia. Fiquem a vontade para comentar e dizer quais são as suas variações preferidas.

Atenção: Para assistir as variações clique no nome do ballet.

5 -Cupido (Don Quixote) - Vamos dar lugar as solistas, nada de ganância de querer ser sempre a primeira bailarina. Essa é uma variação muito linda, extremamente fofa, e que também não é assim tão fácil, mas o que é fácil no ballet não é mesmo?  

4 - Sylvia - Variação que a primeira vista parece brincadeira de criança, mas tente fazer isso. Quem ainda não viu esse ballet completo não perca mais tempo, é simplesmente lindo. E com a Darcey Bussel e Marcelo Gomes dançando no Royal Opera House vale totalmente a pena. Quando assisti me apaixonei perdidamente pelo ballet,  e coloquei na minha lista de quero dançar, e amei o figurino das ninfas. Se quiser saber mais sobre esse ballet clique aqui.



3 -  Paquita (3ª variação) - Variação cheia de grandjétes do jeito que eu gosto, muito linda e como vocês podem ver bem fácil de ser executada Oo. A história desse ballet é cheia de intrigas, e se passa na espanha durante a ocupação de Napoleão. Embora muita gente pense que esse é mais um dos trabalhos extraordinários de Petipa, está enganado. Originariamente esse ballet é criação de Joseph Mizilier, 1846, mas Petipa o produziu como sua estréia no Ballet Imperial da Russia, e em 1881 pediu a Minkus para que adicionasse algumas músicas ao ballet. Para mais informações sobre esse ballet clique aqui, vale a pena consultar.



2 - Myrtha (Giselle) - Giselle é um dos meus ballets favoritos, depois que eu assisti ao vivo no Teatro Guaíra na apresentação do Ballet de Cuba definitivamente ficou bem no topo da lista do quero dançar. Porém, nada de Giselle o que eu quero mesmo é a Rainha das Willis, Myrtha. Eu sei que era super na moda as pessoas morrem por amor no romantismos, mas na minha versão de Giselle ela dava um pé na bunda do sujeito com direito a todas as atrocidades de ex, mas estou divagando. A variação de Myrtha é linda, e a solista que se apresentou aqui em Curitiba roubou a cena da bailarina que fez Giselle, o que me fez gostar mais ainda desse papel.

1 - Entrada da Kitri (Don Quixote) - Sim a campeã, acho linda de morrer essa variação. Amo de paixão e quero muito dançar um dia. Aliás, eu dançaria todos os papéis femininos em Don Quixote é meu ballet favorito. Não é só da coreografia que eu gosto é também da música, mas eu gosto tanto que era meu despertador, todos os dias eu acordava escutando essa valsa linda. 



É isso aí, agora só falta vocês comentarem as variações que vocês mais gostam. 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Piruetas

Desde que as tão famosas piruetas entraram na minha vida de bailarina, praticamente desde a primeira aula de ballet, eu escuto sempre a mesma coisa "você precisa marcar o foco".  E é sempre assim, frases como essa são sempre direcionadas a minha pessoa.

Minha professora de ballet, sempre me diz "foco Ana, você precisa marcar o foco o resto está tudo certo" , no que eu sempre respondo que ou marco o foco ou viro a pirueta. Sim, a minha maior dificuldade é marcar o foco. 

Na dança moderna não é muito diferente, a dificuldade é ainda maior nas tais piruetas periféricas (existe cada coisa estranha na dança moderna, não? Um dia desses eu escrevo sobre elas). Nessa eu escuto "não adianta bater rápido a cabeça se não marcar o foco, e não adianta marcar o foco se não bater a cabeça rápido e viajar pro lado". Galera, pirueta é um caso sério!

Depois de ter postado ontem sobre o meu desânimo comecei a pensar no que minha professora de clássico sempre fala "o ballet é para a vida". E eu sou uma pessoa piruetera (não se enganem eu não viro cinco de uma vez só), não importa onde eu estou na sala, no banheiro, no quarto, na cozinha, eu paro preparo a 4ª posição e...pirueta! E adivinha qual o problema que ainda não resolvi? Sim, o foco.

Então, pensando nas piruetas e nas palavras da minha sábia professora de ballet eu percebi que o meu desânimo, e parte de tudo do que está acontecendo comigo hoje, é porque a falta de foco não é só nas piruetas não. Acho que está faltando isso na minha vida também.

Lá se foi metade do ano e ainda não fiz nada do que deveria ter feito esse ano, minha primeira meta era passar no exame da OAB. Já fiz dois exames e não passei na primeira fase nas duas vezes, é difícil? Sim, muito difícil, e banca que faz a prova arrepiou na última. Faltaram apenas 3 questões pra atingir a média. Fazer o que?

Agora é hora de levantar, sacudir a poeira e voltar pro cursinho estudar e me dedicar pra esse exame. Passar nessa prova agora é uma questão de honra rs. E como preciso recuperar o tempo perdido, sim porque já estou quase um ano separada do mundo jurídico, vou reformular meu currículo e pretendo escrever os dois artigos que comecei a escrever na faculdade, um sobre a chacina da candelária e outro sobre o caso do Champinha, vou pedir apoio aos professores do cursinho e tentar publicar pra conseguir alguns pontos pro mestrado.

Sim, eu quero o mestrado em direito penal e quero também as aulas de ballet. Uma coisa não precisa excluir a outra, então acho que o meu dilema chega ao fim. É tudo uma questão de foco, agora é hora de me dedicar ao direito. 

Demorou, mas caiu a ficha que pra dançar ballet não preciso querer ser a primeira bailarina. Posso dançar, posso me apresentar se quiser, ou posso simplesmente fazer as aulas. O negócio é dançar.

E pra quem quiser saber, e pra quem não quiser eu conto do mesmo jeito, a pirueta dupla está quase saindo. Acho que meu foco está melhorando afinal. 

Não importa quantas voltas a vida dê, basta ter foco pra manter o equilíbrio. Olhar para o lado é tombo na certa. (Frase brega pra fechar bem o post)