Muitas de nós bailarinas estamos nos preparando para as apresentações de fim de ano, algumas dançarão um ballet de repertório pela primeira vez, outras dançarão coreografia inéditas de ballet clássico ou influenciadas pelo neoclássico (que é o meu caso).
Em outro post comentei sobre a emoção no palco, sem dúvida alguma é essencial quando se trata de ballet, e também a causa de maior dificuldade na representação dos personagens, seja qual for. Na outra vez comentei que essa emoção a gente aprende na sala de aula enquanto executamos os movimentos. Agora vou falar um pouco sobre a pesquisa para a interpretação, mas não se enganem esse post não tem nada de altruísta estou apenas fixando conhecimento para a prova de vestibular que vou fazer no próximo domingo.
Preparem-se para ler um extenso e exaustivo comentário sobre a história da dança relacionada com a emoção a ser apresentada no palco, afinal temos que saber e entender o que estamos dançando. E por favor, não desistam de ler é muito importante para mim as críticas de vocês.
Como mencionei antes a emoção é parte tão fundamental na dança quanto à técnica perfeita, na verdade entendo que seja uma combinação de ambas, sem a emoção a técnica não se faz suficiente, pois os movimentos parecem mecânicos e desprovidos de sentimentos. E se a bailarina tiver apenas a emoção sem a técnica então se afasta da dança para se aproximar ao teatro. (Que fique bem claro que estou apenas expressando minha opinião, assim como quem queira concordar ou discordar fique a vontade, debates são importantes)
Conhecer aquilo que dançamos, tanto na parte técnica quanto sobre o sentimento a ser transmitido pelo personagem, é fundamental. Assim, é sempre bom entender o personagem conhecendo o contexto em que foi criado, qual foi à intenção do autor ao criá-lo, quais foram às modificações no decorrer da história, e por que aconteceram.
Pelo tamanho do texto até agora percebi que terei que dividi-lo em inúmeras partes, mas não tem problema, como eu disse antes a finalidade não é nada altruísta. Sem maior enrolação vamos ao que interessa.
A dança sempre esteve presente na história da sociedade, desde os tempos mais remotos. Porém, a dança como temos hoje (a dança cênica), teve um longo percurso até chegar à forma em que a conhecemos.
Em um primeiro momento a dança teve um cunho religioso, geralmente ligado aos rituais de fertilidade. Muito mais tarde na Grécia antiga ela teve seu espaço entre as tragédias e as comédias, na preparação militar, e claro, nas festas religiosas.
Somente na idade média é que ela foi tomando forma de dança cênica. O maior precursor dessa arte foi o Rei Luís XIV, chamado Rei Sol, apelido conseguido justamente por um papel que desempenhou dançando. Foi ele quem criou a primeira academia na França, Académie Royale de la Danse. Nessa época predominava o ballet de corte dançando em palácios pela nobreza, geralmente encomendados por alguma ocasião especial, visita de algum nobre ou em homenagem aos noivos em um casamento.
Luís XIV era um exímio dançarino, a dança fez parte de sua educação, e com um amor especial por essa arte propagou este sentimento para a nobreza de sua época. Com a criação da academia deu o pontapé inicial para a profissionalização e para que o ballet saísse da corte e ingressasse nos palcos dos teatros por todo o mundo.
Somente nessa época é que as mulheres voltam a dançar em espetáculos, que até então era atividade exclusiva masculina desde a Grécia Antiga, ficando as moças relegadas as danças festivas. Com a profissionalização, o reaparecimento das mulheres no palco, surge também a competitividade, e que podemos notar presente até os dias de hoje.
A evolução do ballet da corte para o profissionalismo vai culminar na fase romântica, que a parte que mais nos interessa em se tratando de repertório, vez que foi no romantismo que surgiram grandes obras do repertório como Giselle, Paquita, Lago dos Cisnes, Don Quixote. Em um futuro que eu espero que seja próximo quero falar sobre cada um desses ballets e o contexto em que eles se desenvolveram.
Sobre a valsa quero falar no próximo post, já que irei valsar na apresentação do final do ano, mas posso adiantar que ela esteve presente na era romântica do ballet, e continuou presente mesmo quando o romantismo foi ultrapassado.
No ballet de corte a maior fonte inspiradora eram os deuses da Grécia antiga com seus inúmeros feitos e os conflitos envolvendo mortais. Com mudança da corte para o teatro houve também uma mudança de paradigma, os deuses deixaram de ser a fonte inspiradora para dar lugar as lendas da idade média, com seus cavaleiros, damas e feiticeiros.
La Sylphide foi o marco que deu início ao ballet romântico, importante não confundir com Les Sylphides, foi coreografado por Fillipo Taglione, e dançando por sua filha Marie Taglione, uma das primeiras bailarinas a dançar nas pontas. A estória desse ballet se passa na Escócia, mostrando o mundo real e irreal, em um conflito de amor impossível entre seres dos dois mundos.
James, que estava noivo de Effie, é atraído por uma sílfide, que apenas ele pode ver, para um bosque no dia de seu casamento deixando a noiva e os convidados a sua espera. Porém, a sílfide sempre escapa quando ele tenta lhe tocar. Então uma feiticeira entrega a James uma capa que impede a Sílfide de voar, assim ao jogar-lhe a capa a Sílfide perde as asas e morre para a infelicidade de James. Effie cansada de esperar pelo noivo acaba casando-se com um aldeão.
Este foi breve resumo que levou em consideração apenas a essência desse bailado, mas a estória em si é bem mais rica e encantadora.
Marie Tagione no papel título dançou sobre as pontas, prática que a partir desse momento tornou-se obrigatória. No entanto, não foi a primeira a usar as sapatilhas de pontas, outras bailarinas a precederam. O figurino usado foi outra inovação, foi também com esse ballet que surge o tu-tu romântico, encurtando as saias que iam até os tornozelos e deixando os ombros a mostra.
Já naquela época, em 1832, os cenários tinham mecanismos para impressionar o público com o voo das sílfides.
Como eu disse o assunto é longo! Espero que compreendam o objetivo desse post. Feliz, ou infelizmente, vou ter que dividir esse meu estudo deixando para escrever a continuação em outra hora. Espero que gostem e façam proveito do que foi publicado aqui hoje, e não desanimem rs.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos...
Referências bibliográficas:
PORTINARI, Maribel. História da Dança. 2ª edição. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro:1989.
Em outro post comentei sobre a emoção no palco, sem dúvida alguma é essencial quando se trata de ballet, e também a causa de maior dificuldade na representação dos personagens, seja qual for. Na outra vez comentei que essa emoção a gente aprende na sala de aula enquanto executamos os movimentos. Agora vou falar um pouco sobre a pesquisa para a interpretação, mas não se enganem esse post não tem nada de altruísta estou apenas fixando conhecimento para a prova de vestibular que vou fazer no próximo domingo.
Preparem-se para ler um extenso e exaustivo comentário sobre a história da dança relacionada com a emoção a ser apresentada no palco, afinal temos que saber e entender o que estamos dançando. E por favor, não desistam de ler é muito importante para mim as críticas de vocês.
Como mencionei antes a emoção é parte tão fundamental na dança quanto à técnica perfeita, na verdade entendo que seja uma combinação de ambas, sem a emoção a técnica não se faz suficiente, pois os movimentos parecem mecânicos e desprovidos de sentimentos. E se a bailarina tiver apenas a emoção sem a técnica então se afasta da dança para se aproximar ao teatro. (Que fique bem claro que estou apenas expressando minha opinião, assim como quem queira concordar ou discordar fique a vontade, debates são importantes)
Conhecer aquilo que dançamos, tanto na parte técnica quanto sobre o sentimento a ser transmitido pelo personagem, é fundamental. Assim, é sempre bom entender o personagem conhecendo o contexto em que foi criado, qual foi à intenção do autor ao criá-lo, quais foram às modificações no decorrer da história, e por que aconteceram.
Pelo tamanho do texto até agora percebi que terei que dividi-lo em inúmeras partes, mas não tem problema, como eu disse antes a finalidade não é nada altruísta. Sem maior enrolação vamos ao que interessa.
A dança sempre esteve presente na história da sociedade, desde os tempos mais remotos. Porém, a dança como temos hoje (a dança cênica), teve um longo percurso até chegar à forma em que a conhecemos.
Em um primeiro momento a dança teve um cunho religioso, geralmente ligado aos rituais de fertilidade. Muito mais tarde na Grécia antiga ela teve seu espaço entre as tragédias e as comédias, na preparação militar, e claro, nas festas religiosas.
Somente na idade média é que ela foi tomando forma de dança cênica. O maior precursor dessa arte foi o Rei Luís XIV, chamado Rei Sol, apelido conseguido justamente por um papel que desempenhou dançando. Foi ele quem criou a primeira academia na França, Académie Royale de la Danse. Nessa época predominava o ballet de corte dançando em palácios pela nobreza, geralmente encomendados por alguma ocasião especial, visita de algum nobre ou em homenagem aos noivos em um casamento.
Luís XIV era um exímio dançarino, a dança fez parte de sua educação, e com um amor especial por essa arte propagou este sentimento para a nobreza de sua época. Com a criação da academia deu o pontapé inicial para a profissionalização e para que o ballet saísse da corte e ingressasse nos palcos dos teatros por todo o mundo.
Somente nessa época é que as mulheres voltam a dançar em espetáculos, que até então era atividade exclusiva masculina desde a Grécia Antiga, ficando as moças relegadas as danças festivas. Com a profissionalização, o reaparecimento das mulheres no palco, surge também a competitividade, e que podemos notar presente até os dias de hoje.
A evolução do ballet da corte para o profissionalismo vai culminar na fase romântica, que a parte que mais nos interessa em se tratando de repertório, vez que foi no romantismo que surgiram grandes obras do repertório como Giselle, Paquita, Lago dos Cisnes, Don Quixote. Em um futuro que eu espero que seja próximo quero falar sobre cada um desses ballets e o contexto em que eles se desenvolveram.
Sobre a valsa quero falar no próximo post, já que irei valsar na apresentação do final do ano, mas posso adiantar que ela esteve presente na era romântica do ballet, e continuou presente mesmo quando o romantismo foi ultrapassado.
No ballet de corte a maior fonte inspiradora eram os deuses da Grécia antiga com seus inúmeros feitos e os conflitos envolvendo mortais. Com mudança da corte para o teatro houve também uma mudança de paradigma, os deuses deixaram de ser a fonte inspiradora para dar lugar as lendas da idade média, com seus cavaleiros, damas e feiticeiros.
La Sylphide foi o marco que deu início ao ballet romântico, importante não confundir com Les Sylphides, foi coreografado por Fillipo Taglione, e dançando por sua filha Marie Taglione, uma das primeiras bailarinas a dançar nas pontas. A estória desse ballet se passa na Escócia, mostrando o mundo real e irreal, em um conflito de amor impossível entre seres dos dois mundos.
James, que estava noivo de Effie, é atraído por uma sílfide, que apenas ele pode ver, para um bosque no dia de seu casamento deixando a noiva e os convidados a sua espera. Porém, a sílfide sempre escapa quando ele tenta lhe tocar. Então uma feiticeira entrega a James uma capa que impede a Sílfide de voar, assim ao jogar-lhe a capa a Sílfide perde as asas e morre para a infelicidade de James. Effie cansada de esperar pelo noivo acaba casando-se com um aldeão.
Este foi breve resumo que levou em consideração apenas a essência desse bailado, mas a estória em si é bem mais rica e encantadora.
Marie Tagione no papel título dançou sobre as pontas, prática que a partir desse momento tornou-se obrigatória. No entanto, não foi a primeira a usar as sapatilhas de pontas, outras bailarinas a precederam. O figurino usado foi outra inovação, foi também com esse ballet que surge o tu-tu romântico, encurtando as saias que iam até os tornozelos e deixando os ombros a mostra.
Já naquela época, em 1832, os cenários tinham mecanismos para impressionar o público com o voo das sílfides.
Como eu disse o assunto é longo! Espero que compreendam o objetivo desse post. Feliz, ou infelizmente, vou ter que dividir esse meu estudo deixando para escrever a continuação em outra hora. Espero que gostem e façam proveito do que foi publicado aqui hoje, e não desanimem rs.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos...
Referências bibliográficas:
PORTINARI, Maribel. História da Dança. 2ª edição. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro:1989.
Parabéns pelo post! Não consegui ler tudo, pois estou naquela correria do dia-a-dia. Mas já estudei sobre historia da dança e concordo plenamente com você quando diz que, para dançar, é preciso pesquisar e saber o que é que está dançando. Só assim é possível interpretar, e até sentir de verdade...
ResponderExcluirBeijos!
Que legal... Admito que não li tudo, mas é verdade... Uma coisa eu te digo, li o começo e realmente várias baialrinas estão se preparando para o fim do ano... Estou feliz, evolui de planta a ser humano...É brincadeira, é que esse ano a minha sala pegou papel de gente, e não de planta... Mas eu estou na mesma, continuo dançando em grupo, se bobear com a mesma menina...
ResponderExcluirÉ ótimo conhecer a história do que você ama... QUando vi a revista que tirei o texto do meu blog, eu não tirei o olho... Na verdade, eu até procura livros de dança, mas nunca acho...
Beijos
Oi Ana,
ResponderExcluirDá uma passadinha no meu blog...
Tem uns presentinhos pra você...
Beijos